A armadilha da desinformação

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A armadilha da desinformação

 

 

Wilton Santana

Edgar Morin tem uma frase pontual para os dias atuais: “Informação não é conhecimento. Conhecimento é a organização das informações”. “Organizar a informação”, como diz Morin, é articulá-la com o que a gente acredita, sabe, faz, pensa, sente, contextualizando-a, tornando-a conhecida e aplicada. O problema é que isso demanda empenho, algo muito pouco atraente para quem se contenta em colecionar as informações que circulam.

Conhecimento, portanto, é informação tratada. Significa dizer que conhecer requer envolvimento. Na prática, será preciso deter-se na informação, questionando-a, elaborando-a, travando, com ela, idas e vindas, de modo que, no curso desse envolvimento, ela seja agregada ou descartada. Logo, a ferocidade por informação impede essa experiência. Uma característica do sujeito que se diz informado é a de se decidir fácil demais pelo o que foi lido, ouvido ou visto antes mesmo de se esforçar em entender o que foi lido, ouvido ou visto.

 

A desinformação

 Outro ponto que me chama a atenção, e que tem tudo a ver com o que escrevi até aqui, é o momento preocupante que se vive hoje, em todas as áreas: o fenômeno da desinformação. O que seria isso? Seria a emissão de informações “sem pé e nem cabeça”! Coisas desconexas, distorcidas, incoerentes, contraditórias, falsas, incompletas e descabidas. Soam como verdades, mas são manipuladoras e inconsistentes. O Youtube, por exemplo, tem reprovado esse tipo de conduta. Revistas de grande circulação têm denunciado essa prática.

Na era da informação, a desinformação impera. O informante, nesse caso, desinforma. Mas parece que informa, porque tem todas as respostas na ponta da língua. Ele até cita alguém, embora o que diga não tem relação com o que o citado disse. Mas ele crê que está certo. Literalmente.

A vítima mais fácil para cair nessa armadilha seria, exatamente, o sujeito que coleciona as informações que circulam, mas que insiste em não as organizar. Ele aceita o que ouve, lê e vê. Por quê? Porque não tem parâmetros para lidar com a informação.

 

Filtro

O antídoto contra a armadilha da desinformação é o conhecimento. E já sabemos que isso significa mais do que se informar. Sem esse filtro, é intoxicação na certa. O pior é que a desinformação deixará sequelas profundas. Removê-las significará desaprender. Desaprender, quase sempre, é mais difícil do que aprender.

 

Uma dica

Na era da desinformação, coloque a informação e o informante sob suspeitas. Escolha a profundidade. Estude. Leia. Debata. Empenhe-se. Não seja manipulado. Não seja intoxicado.

 

Wilton é professor do Departamento de Ciências do Esporte da Universidade Estadual de Londrina.

 

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