Wilton Santana

O ataque de linha-goleiro configura o momento do jogo em que o treinador opta por colocar um jogador de linha no lugar do goleiro e escolhe um desenho ofensivo para agredir o adversário. Modo geral, opta-se por essa estratégia de 5X4 quando se está perdendo o jogo. Exceção seria utilizá-la quando se está em vantagem no placar, o que se convencionou chamar de “linha-goleiro defensivo”, mas que, de fato, de defensivo não tem nada, pois a ideia é jogar com as emoções de quem está em desvantagem, atraindo o adversário para pressionar a bola, o que distanciaria as linhas defensivas, e atacar.

Quando se trata do jogo de linha-goleiro quando se está perdendo o jogo, num passado não tão longínquo, estudei as entradas de ataque de algumas equipes profissionais. Foi possível diagnosticar, ao menos, dois pontos: (1) os desenhos ofensivos são diferentes e (2) há distintas dinâmicas ofensivas. Ou seja, as entradas de ataque do linha-goleiro pautam-se, sobretudo, na variedade tática.

Inicio pelas equipes paranaenses de Marechal e Marreco, esta última, semifinalista da Liga 2017. Ambas optaram por um desenho tradicional (e eficiente), de se ter uma linha de três atacantes de frente e dois mais avançados, ocupando o fundo da quadra.

A boa equipe da Yoka, que disputa a Liga Paulista, optou por algo semelhante aos desenhos anteriores, mas com uma diferença: o jogador da 2^a linha de ataque (em destaque) está mais fechado, ou seja, mais próximo do defensor da 1^a linha e, nesse posicionamento, quase sempre cria uma dúvida nesse marcador, por conta de ter, atrás de si e na mesma linha do “volante”, outro atacante.

O Tubarão (SC) fez algo diferente: optou por posicionar quatro jogadores de frente (4 em linha) e outro atacante sobre o defensor da última linha. Dificilmente nesse desenho se perde a posse da bola, pois, em tese, dois “volantes” armariam na 1^a linha.

Há outros desenhos, mas penso que a variedade tática anunciada foi entendida.

Ainda tenho três pontos breves para repercutir: (1) suponho que essa variedade tática continue. É uma medida que pode deixar em dúvida ainda maior as, cada vez mais treinadas, defesas de linha-goleiro – lembre-se de que se a tomada de decisão começa no olhar, então “confundi-lo” é sempre pertinente; (2) saber escolher quem ocupará as diferentes funções dentro dos diferentes desenhos é vital: por exemplo, quem ficará mais enfiado e porquê, quem ficará na 1^a linha e porquê, quais “pernas” serão escolhidas… (3) embora o desenho ofensivo de entrada seja essencial, o diferencial mesmo é tudo o que se proporá a partir dele, isto é, a dinâmica da entrada do ataque.

Wilton escreveu três livros sobre futsal: Futsal – metodologia da participação; Futsal – apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização; 70 contextos de exercitação tática para o treinamento do futsal.